sexta-feira, 3 de junho de 2011
os nomes, as coisas, a verdade, a experiência
completando meu comentário sobre a questão da xícara, onde tem a letra desta música "Nome não", ai vai o clip.
a questão da verdade, a questão da subjetividade, a questão do contexto, a questão dos deslocamentos e ressignificações, a questão das necessidades da comunicação e, ao mesmo tempo, da total impossibilidade dela, num sentido mais totalizador dos sentidos envolvidos...
chegamos nisso pela história da rã, no livro da Christine Greiner. um pensamento sobre rã não é o mesmo num lago ou num restaurante francês. a rã não é a mesma para nós em cada um desses contextos. a rã nunca é, ela está sempre sendo, a cada experiência dela. e no entanto ela tb é A rã definida no dicionário.
Isso nos traz de volta à questão da experiência que, a meu ver, traz a questão do gesto à reboque.
Sob uma determinada perspectiva a diferença entre ação e gesto reside justamente ai. Ação como aquela palavra no infinitivo - correr, sentar, fumar, coçar, apontar, ... mas esta ação se atualiza no fazer, na experiência. correu como um louco, sentando bem devagar e com cautela, ... O gesto como sendo uma experiência do presente, colorida pelos afetos do momento. como o tom particular de uma ação, sua adjetivação, seus advérbios,....
Mas não basta ter desejo e intenção pra haver um gesto, ele tem que se manifestar, na verdade ele é a própria manifestação (voluntária ou não, consciente ou não) de uma intenção (voluntária ou não, consciente ou não) .....
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Fiquei aqui pensando que parece que quanto mais a gente tem a experiência de uma coisa mais as categorias se misturam e achei linda a imagem final do cavalo porque a velocidade com que todas as tintas nomes se misturam dá no branco final do cavalo, a ausência presença de todas as cores juntas, o branco do nome, sei lá, deu um branco, tanta coisa que deu um branco. Já quando a gente não conhece muito bem um coisa, categoriza mais, classifica mais, se mistura menos, representa mais, é o cavalo, esta lá o cavalo. Mas o cavalo sou eu também. O outro do cavalo em mim.
ResponderExcluirFiquei pensando nas crianças daqui de lá de acolá, com bichos de pelúcia de ontem. Depois com tamagotchi de hoje, e agora os tamagotchis online de amanhã, e será que isso é menos experiência do que uma criança que tem um contato real com um bicho de verdade? E se trocarmos os bichos? Dar um tamagotchi na mão de uma criança do campo. Será que ela quebra ou joga futebol com ele? Dar um cavalo para uma criança da cidade. Será que passa no elevador? Ou será que ela faz um book digital "The Whithe Horse"? E o que é real? O virtual não está nos dois casos? Sei lá, pode ser que uma criança com um tamagotchi online invente para si um bicho tão potente e até mais do que um "real" da fazenda.
Hj mais cedo pensei nisso de um outro jeito e agora parece que as coisas se (d)e(se)ncaixaram um pouco mais. Num exercício que fiz hj numa oficina de máscaras, tínhamos que representar em um retângulo bem pequeno "afetos" de uma floresta tropical e num segundo momento afetos de uma cidade. Por que será que foi tão mais difícil para o grupo representar a cidade, justo o lugar que experienciamos diariamente??? Por que o grupo achou a floresta mais fácil? Mais fácil? Como assim? E por que as imagens da floresta formaram um vocabulário que se fechou rapidamente, genérico para todos? Será por que a fonte de conhecimento que temos de uma floresta vem de uma fonte mais homogênea, googleniana, manualística, escolástica, escola de aprender o que não se pode ter, o que não se pode ver, o que não se pode pegar, escola do negativo, em tons pastéis? Como representar não a totalidade mas o que a materialidade de um sinal de trânsito afeta o seu corpo? Acho que poder dar materialidade a uma experiência específica de um corpo, aquela que sai do genérico (quer dizer, nem chega a passar por aí) e se bifurca, desdobra, faz os caminhos mais inusitados de apreensão, como dar visibilidade a essa experiência meio detonada nas cores, pixada nos nomes, rasgada na memória, sei lá, nem sei se isso é possível