terça-feira, 22 de novembro de 2011

Oficina com André Masseno

Você entra no palco, a plateia está te vendo. E agora?

Thiago
Discutimos muito sobre essa historia de presença, que alias, é muito extensa e subjetiva…precisaria de três meses com André para chegar em algum lugar … mas ele foi muito atencioso com as nossas questões e me deu boa pistas. Pistas que lembraram um pouco a fala do Trajal Harrell(USA) quando ele fala q sabe q não pode retirar-se na cena, mas ele REALMENTE tenta. Um engajamento na ação e não na presença.

Carla
“...sujeito e objeto iam se deslocando, e aí não tentar impor uma relação unilateral, mas deixar ser atravessado e se tornar objeto do material. Uma passividade ativa por assim dizer. Não só ficar na lógica da produção de uma imagem, mas deixar que ela te pegue, te surpreenda, mas sempre fazendo, porque se eu ficar esperando nada acontece.”

Outra coisa foi que o André debateu com a gente foi que os estados de presença estão muito ligados ao compromisso ético com o material. Citar? Comentar? Encarnar? Aproximar-se? Distanciar-se? Visitar? O Cristian Duarte em “The Hot One Hundred Choreographers” tinha um compromisso ético de citar, encarnar não estava em jogo na proposta dele, e isso engajava uma presença diferente se ele fosse "entrar" realmente em cada coreógrafo e talvez engajasse uma presença tão mais demandadora que ele não conseguiria passar pelos 100. Acho que no caso da gente, transitamos pelas propostas, transitamos por essas presenças, até porque tem o material e o intérprete que tem os seus limites (e esse é o nosso gesto) e tem coisa que eu só conseguiria citar por não ter vivido mais a fundo na minha carne porque eu não passei pelo conservatório como a Léo (p.e. Cunningham), digamos assim, ou só encarnar outras que tenho experiência e pra mim é difícil me distanciar (p.e. maracatu) e outras que eu tenho uma afetação comentada pelo material como o rapper.

“...e nos questionou como grupo, se a gente trabalhava mais a partir da PRODUÇÃO ou da SENSAÇÃO do gesto. E se a gente acha que trabalha sobre a PRESENÇA, será que às vezes não pulamos algumas etapas ou simplesmente não damos foco à elas? E se isso nos dificulta quando ficamos com a paranoia da presença? São perguntas que a gente tenta responder para ajudar a si, a você e ao grupo. Um pouco como o Tiago já falou, se a gente se engaja mais na ação e para de pensar um pouco na presença. Eu entendo que as coisas estão misturadas e você sempre fala isso pra a gente.”

Léo
“Deixar o objeto te levar numa historia e não você impor a sua historia. Percebi que é um jogo sutil de ação/reação, pergunta/resposta com a materialidade do próprio objeto. Se você não tiver um mínimo de ação com o objeto, ele não vai te responder ou reagir. Se deixar levar e experimentar sem se preocupar...”
“Mesmo se há um tempão que a gente esta nessa busca, só agora que estou começando a perceber no meu corpo. Pegar o material e leva-lo comigo, testar, confronta-lo, conversar com... Tudo isso revelado com exercícios simples. A gente não estava gesticulando mas fazendo um tarefa bem objetiva!!! me lembrei do seu trabalho com os verbos, uma tarefa só te leva numa florescência de universo... estar atenta e perceber, é um trabalho sutil e delicado!!”

Tony
“Ele trouxe exercícios que apontavam um lugar, primeiro, de gesto/ícone ou gesto/imagem e que depois se abria pra materialidade. Algumas questões pra mim aqui foram: “deixar o gesto/ícone/imagem trazer uma matéria”, “observar qual é o lugar mais iluminado da matéria, e jogar com isso”, “ ser a matéria, ser o gesto da matéria, ser voluntário e involuntário com ela”.
Também percebi que quase sempre a proposta era objetiva e isso despertava um engajamento no corpo, no espaço. E notei que pra cada função o engajamento é/e pode ser diferente.”
Sobre a “presença” confesso que ainda não sei, nos exercícios dessa semana pensei em estar engajado nas tarefas: ser objeto da almofada, manipular o puff branco, ir à frente e fazer um gesto e depois ampliar e diminuir, andar no espaço e parar sem escolher o lugar, mas deixar algum lugar/momento me escolher, fazer uma pequena sequencia de movimentos e modificá-la só pelas diferentes nuances de respiração.
Nessa semana lembrei muito de nossos momentos no Jaguardarte quando parecia que estávamos abrindo os presentes, rsrsrs. Lembrei de um exercício que você propôs de imitar uns aos outros, tinha uma função, um engajamento, tinha alguém brincando com a matéria de outra pessoa.

Gesto/presença/engajamento/objeto/ícone/imagem/relação www.ciadanilima.com.br

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