sexta-feira, 9 de setembro de 2011

mimeses



Luiz Costa Lima sugere que a própria noção originária de mimeses, muito mais ligada à dança e à música do que à escultura e à pintura, teria se transformado a partir do ponto de vista dos tradutores renascentistas que a teriam submetido à noção de imitação. Na acepção grega da palavra que remonta a noção mais arcaica da atividade que nomeia, fazer mimeses significaria tão-somente dançar a coisa e não representá-la por imitação. De acordo com Costa Lima, “a exclusividade primeira da mimeses ao campo da dança e da música parece significar que, em seu gesto inaugural, ela não é semanticamente modelada; fenômeno básico de expressão, ela antes põe do que expõe; é apresentação e não, basicamente, representação. Originária e literalmente, a mimeses dança e não por ela se encena algum conteúdo, mesmo que sua finalidade fosse ser ele dançado. O que vale dizer, originariamente é um evento e não a ornamentação plástica de uma idéia que então se narrasse. (...) em seu instante lógico e originário, que faz a mimeses senão, literal e surpreendentemente, dançar seu dançado?” Conforme LIMA, Luiz Costa. Vida e mimeses. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995. p 65-66


Thereza Rocha. A fisicalidade no teatro do século XX do rosto ao corpo: uma política.
Artigo do livro Corpo. São Paulo: Itaú Cultural, 2005. p 171 – nota de rodapé nº5. www.ciadanilima.com.br

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