domingo, 15 de maio de 2011

G.E.: 2o. Dia

[“cri”, você leitor, insistente-irmão: este texto é tão extenso quanto nossos problemas. Acompanhe-o com chá...]


No encontro de 09/05, estivemos discutindo os capítulos três e quatro do livro O Corpo: pistas para estudos indisciplinares (2008), respectivamente, “As Dramaturgias do Corpo” e “Processos de Criação”, de Christine Greiner. Para falar sobre as discussões que surgiram no G.E, é preciso primeiro esclarecer sobre como se organiza esse livro.

Greiner, afirma que a ideia de seu livro nasceu do convite e da vontade de organizar temas relativos aos estudos do corpo para quem começa a se interessar pelo assunto. Diz ainda:


Como tenho trabalhado há anos com artistas, é de certo modo para sanar algumas de suas dúvidas que desenvolvo esta pesquisa. Qual a especificidade do corpo artista? Qual a função da arte no processo evolutivo da humanidade? (...) Não pretendo de forma alguma explicar como um corpo cria arte, mas apenas salientar a importância da arte para sobrevivência da espécie humana e para os estudos do corpo. (GREINER, 2008, p. 109)


Nessa empreitada, apresenta vários autores vindos de distintas áreas, como filósofos, teóricos da cultura, cientistas, críticos de arte e artistas, criando assim uma espécie de compêndio. Enfatiza no decorrer do texto que nenhuma das hipóteses apresentadas é unanimidade, nem uma submissão da arte à ciência. A autora busca neste “caldo denso de referências” perceber como de alguma forma “arte e corpo artista colaboram para os estudos contemporâneos do corpo e a formulação de novas epistemologias” (2008, p. 111).

No capítulo 3 Greiner apresenta alguns dos conceitos que propuseram diferentes perspectivas sobre o corpo humano. Porém ela trata desses autores sem aprofundar-se em nenhum deles fazendo um jogo de associação de idéias, que é legítimo, mas para se aprofundar as discussões apresentadas, o livro não ajuda muito.

Primeiramente o texto aborda a questão da construção de imagens cerebrais no processo cognitivo, desenvolvida em O mistério da consciência (1999) pelo neurocientista Antônio Damásio; depois inicia uma discussão sobre “desconstrução”, do filósofo Jacques Derrida, onde ela foca mais na questão da linguagem e escritura apresentada na obra Gramatologia (1973); faz citações ao conceito de performatividade do filósofo J. L. Austin, no livro How to do things with the words, performative lenguage (1961); cruza idéias com a filosofia de Foucault, sobre a relação corpo e poder nas obras Vigiar e Punir e História da Sexualidade; junta ainda questões da pensadora Judith Butler (...), do culturalista Homi Bhabha (...), do pensador Giorgio Agamben (...)e tantos outros nomes e citações que aparecem em 10 páginas no formato A4 (nossa Xerox).


Ufs! < e aí? Creu? >



No meio a tantas referências surgiu então um problema de ordem metodológica para o nosso grupo. Como vamos dá conta de discutir diferentes ideias e propostas advindas de autores suplementados por tradições também diferentes? Sim, certamente eles se entrecruzam, mas como perceber esses cruzamentos de maneira não esvaziada?

Tarefa difícil, sobretudo porque o próprio livro sequer apresenta citações de terceiros nem se preocupa em desenvolver os conceitos abordados. O livro O Corpo...(2008) parece servir mais para um diálogo entre aqueles que já conhecem de alguma maneira os autores citados e podem perceber melhor os (des)nexos que Greiner estabelece entre eles.


[Não era para ser um livro para iniciantes no tema?]


Pula-se de autor como muda-se os programas na grade de uma rede de TV: um programa de entretenimento, outro de notícias, outro infantil, outro de notícias da tarde, outro de esporte, outro de entretenimento, outro de filme, novela, mais noticias, musica, e assim vamos. As passagens de autores no texto são como as passagens de um programa para o outro, onde, sim, há nexo entre coisa e outra, mas, para quem ler ou assiste, os nexos não estão tão claros por falta de intimidade com aquele tipo de linguagem abordada, nesses casos, teorias e linguagem/projeto midiático.

Então como prosseguir no estudo desse texto? Como abordá-lo?

Nos perguntamos quanto a isso nos quinze primeiros minutos do encontro, mas não sei/lembro bem como foi, de repente já estávamos falando sobre Damásio e suas questões. Talvez, porque, dos autores apresentados, Damásio é o que Greiner mais parece se aprofundar[pelo menos ocupa mais páginas na seção que líamos] ou essa impressão se deu também porque Damásio era o autor que uma considerável parte do G.E. já tinha alguma intimidade devido a estudos anteriores.

Pulamos, inicialmente, o conflito metodológico e partimos para uma breve apresentação do panorama geral sobre a pesquisa de Damásio a respeito da construção de imagens, mapas mentais, que o corpo elabora no seu processo cognitivo.

A partir do texto de Greiner, esclarecemos uma questão primordial em Damásio que é entender que imagem no seu estudo se trata de qualquer “padrão mental” construído na experiência somato-sensória do corpo no mundo. Ou seja, imagem não se refere só ao visual, mas à construção de padrões cerebrais devido à mobilização de objetos (pessoas, coisas, lugares, conceitos, etc.) de fora para dentro do cérebro, ou inversamente a partir da memória ou imaginação. Cito Greiner (2008, p. 72-73):


Palavras são organizadas no cérebro primeiramente como imagens verbais e, em seguida, como imagens não verbais, ou seja, conceitos. Qualquer símbolo que se possa conceber é uma imagem e há pouco resíduo mental que não se componha como imagens somatossensórias que sinalizam aspectos dos estados do corpo. É bom notar que muitas imagens nem chegam a ser conscientes. Tudo isso é importante para entender como o que está fora adentra o corpo e como se dá a representação. Isto porque, para Damásio, a representação é sinônimo de imagem mental ou padrão neural. A questão é reconhecer que essas imagens, como toda representação, estão longe de parecer uma “cópia do real”.


Desse conceito Greiner desenvolve que os nexos estabelecidos no entre dentro e fora do corpo, como já dito, que se dá numa construção cartográfica por imagens cerebrais, pode ser entendida como uma dramaturgia do corpo. Greiner ainda esclarece que dramaturgia aqui não se refere às dramaturgias Teatrais ou da Dança ou da Performance. Esses conceitos se referem, neste momento do texto, terceiro capítulo, ao corpo no seu dia-a-dia e em seus processos comunicacionais com o mundo. Em outras palavras, dramaturgia corporal seria a maneira e os nexos que o corpo humano constrói seus mapas cerebrais (imagéticos) na sua experiência somatossensória – ou ainda, como sugeri no post anterior, como corpoexperiência.

No G.E., dessas questões, as que mais ecoaram foram justamente às que rodeavam sobre a ideia de imagem em Damásio. O que fazemos com isso?

Vou me arriscar a desdobrar essas questões aqui, mesmo admitindo que não tenho muita intimidade com a discussão: se imagem seria qualquer padrão mental construído na experiência somatossensória, podemos pensar em trabalhar imagens corporais não apenas construindo metáforas prévias a serem exploradas em ações, movimentos, sensações do corpo. Seria admitir também que o processo cognitivo é todo construído por corporalização (embodied) de informações da nossa experiênciamundo – que como disse Greiner, estão longe de ser cópia do real, mas talvez, entendo eu, deflagram o processo de criação de realidades. Realidade aparece, então, como jogo de metáforas devido à tentativa de compreensão/apreensão de mundo e, ao mesmo tempo, são esse mundo, organizando-o, construindo-o.

Sugiro pensar a construção de imagens a partir de três processos que se confundem e aqui se apresentam sob rasura*: pensar como estabelecemos nexos entre informações-objetos, pensar como se organizam os padrões que se estabelecem nesse entre corpo-ambiente e perceber a dramaturgia como uma organização (ou “arquitetura de textos” na concepção derridiana apresentada no post anterior) que surge do cruzamento dessas duas primeiras questões.


Bom... o que fazemos com isso? E como conectamos isso e tantas outras referências que aparecem no texto de Greiner à questão do gesto?

< deixa eu pensar / uma pequena pausa / Cri? Ajuda possível? >

Tá! forcei uma possível relação: mudança de foco no processo criativo que estamos vivenciando.


Ao invés de se trabalhar sob a criação de um enredo ou tematização qualquer podemos partir do processo de enfretamento do corpoexperiência e sua geração de informações, rastros. A partir daí podemos estabelecer relações entre essas informações e perceber como as resultantes e os rastros dessa escritura geram uma dramaturgia. Sair do gesto enquanto temática e pensá-lo como leitmotiv.


[ALEX CASSAL, problema pra você, ou para mim(!)(?) Socorro!]


Ou seja, seria admitir que o jogo que fazemos para estabelecer conexões gera traços de diferenciação, estabelecem padrões, que se organizam numa teia comunicante/ linguagem potencial. A idéia de comunicação que falo trata-se da potencialidade desse texto** produzido em se desdobrar em outras conexões, sentidos, afetos, enfim, em outros jogos de associação. Ou seja, ao invés de se buscar uma dramaturgia engajada na afirmação de um tema "gesto" pensaríamos numa escritura dramaturgia que surge do impulso de se perguntar, estilhaçar, desdobrar "gesto" enquanto questão.

Claro que durante essa tentativa num processo criativo em Dança estaremos sujeitos a vários moduladores de nossa percepção, como: gosto e afinidade individuais e coletivas; contingência de tempo-espaço; questões biomecânicas; e de forma mais geral, o contexto em que se insere esse corpo em processo, como no nosso caso: a necessidade de corresponder aos objetivos de um projeto de criação, veiculado a instituições de fomento, que tem um tema, se intitula como “100 gestos que marcaram o século XX”, entre outros textos que se suplementam a ele.

Não há como desviar desses moduladores, porém o desafio talvez fosse não partir deles, deslocar a ênfase, deixando-os que aparecessem como parte do jogo, sendo tratados como qualquer outra informação, possível de se perder ou se estilhaçar no processo de escritura dramatúrgica em curso.

Em paralelo, pensar como essas modulações contribuem no jogo de escritura dramatúrgica de um processo de criação em dança ajuda a pensar sobre o corpo humano em seu processo de enfrentamento enquanto experiência-mundo. Gostaria, porém, de acentuar que esse jogo de escritura dramatúrgica que estou me referindo só é possível quando somos capazes de perceber/produzir*** diferenciação.

Nesse aspecto, há ainda no texto de Greiner uma questão que aparece como o processo de categorização, que se aproxima ao que eu digo, mas por hora, gostaria de atritá-los.

Seleção, edição, acentuação, execução, classificação... Como se dá o processo de categorização e diferenciação? Seriam sinônimos?

Para explicar categorização, Greiner cita que o coreógrafo Forsythe, em uma de suas passagens pelo Brasil, afirmou que ele sentia a necessidade de que “seus dançarinos compreendessem o que significa categorizar, pois sem isso, seria impossível dançar” (2008, p. 74). A partir da obra de Hauser, a autora afirma, ainda, que categorização é uma questão de sobrevivência de seres, não somente restrita à humanidade. Porém, sobre a questão humana, enfatiza que categorização está diretamente relacionada à construção de imagens internas ocorrentes no trânsito de informações dentro e fora do corpo.

Nesse sentido, a permanência de alguma informação no mundo


(...) está na aptidão do vivo para se organizar sempre em relação a algo ou alguém, na tentativa de manter vínculos de naturezas diversas (sonhos, afetos, ideais e assim por diante) e sobreviver. (GREINER, 2008, p. 82)


No G.E. resolvi então estabelecer atritos da noção de categorização com um dos próximos autores abordados no texto de Greiner, Jacques Derrida, sobretudo, quanto a questão da différance, que também já aparece na noção de leitmotiv que desenvolvi aqui.

Tentei ilustrar mais ou menos assim****: a questão da différance (ação contínua de diferença/estado de adiamento de diferença) em Derrida não aparece somente como um problema de sobrevivência de espécies, pois para ele haveria uma crueldade/violência potencializada no processo de construção da linguagem e seus suplementos ditos políticos, éticos, sociais, econômicos, reais, históricos e também biológicos que se emaranham como, já citada anteriormente, uma arquiescritura. Essa potencialidade cruel/violenta da linguagem Derrida também enfatiza sobre a herança logocêntrica construída e por isso tão parte da arquiescritura como, que reduz***** a experiência ao logos, ou seja, manutenção de jogo da tradição. Essa manutenção não se trata somente de uma questão biológica de sobrevivência, mas também ético-política. Sim, formigas categorizam, mas também não criaram igrejas, escolas, prisões, leis, conceitos de moral, ordem etc.

A différance propõe uma desconstrução sobre a questão diferença (estado de) para entendê-la além de um binarismo opositivo que estagna o conflito. Ela é contingência provisória e histórica, que se faz de suplementos numa arquiescritura humanista, etnocêntrica, ocidentalista, colonialista, etc******. Nesse sentido, desconstruir não se trata de um método para criação de um novo conceito sobre a diferença mas um leitmotiv que quer problematizar esse conflito.

Com essa questão, queria discuti no G.E. a ideia de categoria como uma produção de identidade que tem pretensão em abafar conflitos enquanto différance parece querer desdobrar o conflito, inclusive admitindo a possibilidade de não diálogo na diferença, não-adaptação.

Assim, différance não pode ser reduzida a nenhuma totalidade ou, ainda, metafísica, não sendo entendida como um conceito e, sim, um indecidível (quase-conceito). Entender a différance como um conceito seria mais uma supressão dialética que pretenderia encerrar, dar por sanado, o conflito (ou “arrombamento”) que o movimento desconstrutivo da différance causa.

Derrida em Posições(2001) vai falar do “indecidível” como um jogo de nem/nem, que remete a uma não-fixidez:


(...) isto é, unidades de simulacro, “falsas” propriedades verbais, nominais ou semânticas, que não se deixam mais compreender na oposição filosófica (binária) e que, entretanto habitam-na, opõe-lhe resistência, desorganizam-na, mas sem nunca constituir um terceiro termo, sem nunca dar lugar a uma solução de forma dialética especulativa (pharmakon não é nem remédio nem veneno, nem o bem nem o mal, nem o dentro nem o fora, nem fala nem escrita; o suplemento não é nem um mais nem um menos, nem fora nem um complemento de um dentro, nem um acidente nem uma essência etc; o hímen não é nem confusão nem distinção, nem identidade nem diferença, nem a consumação nem a virgindade, nem o velamento nem o desvelamento, nem dentro nem fora etc.; o grama não nem um significante nem um significado, nem um signo nem uma coisa, nem uma presença nem uma ausência, nem uma posição nem uma negação etc.; o espaçamento não é nem espaço nem tempo; o encetamento não é nem a integridade |encetada| de um começo ou de um corte simples nem a simples securidade. Nem, nem quer dizer ou “ao mesmo tempo” ou “ou um ou outro” [Ni/ni, c’est à la a marcha etc.]. (DERRIDA, 2001, p. 49-50)


Nessa perspectiva, O pensamento da différance não compartilha como a noção de margem/fronteira como lugar de apaziguação, mas sim como um nem/nem (entre-dobra), que ao mesmo tempo em que traça, corta, perfura e violenta: é conflito. A différance entrega-se à não-fixidez e à disseminação (movimento que não retorna a uma origem, nem limitação de território). Nesse sentido, seu o movimento não pode ser reduzido a uma questão sobrevivência e adaptação da espécie que parte do “ser” vivo (sujeito-total), pois ela acontece e opera independente do desejo de participação. O corpo é abertura, sempre em arrivant, e não se centraliza nele as questões de agenciamento da différance. O corpo compartilha esse agenciamento, mas não é o operador dele.


(...)

Porém! Ai, porém!

Há um caso diferente

Que marcou um breve tempo

Meu coração para sempre

Era dia de carnaval...


G.E.: Ahn?


Dessa quase-tentativa de discussão, muitos buracos apareciam sobre o que seriam as discussões da desconstrução. O texto da Christine Greiner não nos oferecia recursos suficientes para entender essa complexa discussão. Até tentamos desbravar texto, se atendo ao que estava escrito pela autora, mas a discussão do que se refere à desconstrução, no livro O Corpo, é insipiente. Não somente quanto às passagens sobre Derrida, até mesmo outros autores que poderiam contribuir com a discussão, como Benjamin, Foucault e Bhabha são citados ligeiramente no texto e com isso não conseguimos aprofundar a discussão.

S.O.Soter sugeriu que ficássemos somente em Damásio naquele dia e deixássemos a discussão da desconstrução para o próximo encontro. Dani ainda tentou retornar algumas vezes ao texto para entender a desconstrução derridiana, mas vários passagens eram tratados de maneira frágil por Greiner, como: a noção de impossibilidade da desconstrução (que para Derrida não é sinônimo de não acontencimento, pois “só o impossível acontece”), a relação da desconstrução com a tradição, a noção que desconstrução não é método, a própria différance, entre outras dúvidas.

Como sobre esse assunto eu poderia dar uma colaboração enquanto 'quase-especialista' (em processo) resolvemos agendar o próximo encontro com uma primeira parte dedicada somente a questão da desconstrução com auxílio de uma bibliografia mais específica.

Essa proposta não se resolveu rapidamente, pois as dúvidas de fato geraram muitos problemas ainda a serem discutidos e que certamente não serão resolvidos totalmente no próximo encontro. Até porque, se tratando de desconstrução, talvez a geração de conflitos seja a válvula motivadora (leitmotiv) de conhecimento.

Nessa última parte da discussão sobre a desconstrução a questão do gesto não apareceu diretamente relacionada enquanto tema, mas as questões que ficaram podem ajudar a refletir sobre outras questões do projeto. Para além de pensar como devemos tratar os textos a serem estudados ainda precisamos pensar sobre como esse tratamento vai construindo nossa ética de grupo, nosso modus de relação ou, ainda, processualidade do projeto.

Como tratar tantos autores? O que interessa tratar? E porque interessa? Ou mais, como vamos definir essas coisas: o que interessa ou não, autores, metodologia? O que vamos definir de antemão?

Essas interrogações parecem que sempre serão emergenciais e vamos lidando com elas a cada dia no G.E., mas, talvez, agora elas aparecem com uma força maior, vindas da experiência em grupo. Assim, sugiro que façamos oportuno esse momento.


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Notas:

* Sob rasura aqui é um artifício que utilizo elucidar a tentativa de definir algo que ainda não está muito claro e que se apresenta mais como problema/dúvida do que certeza e que por agora me arrisco, provisoriamente, a estabelecer dessa maneira.

** A noção de texto que cito ainda se refere à ideia derridiana abordada no post anterior.

*** Se entendermos que percepção também é um enfrentamento cognitivo e que esse enfrentamento cognitivo, como apresenta Greiner/Damásio, se dá na produção de uma cartografia de imagens mentais, então sugiro que entendamos esse processo de percepção como produção de um “real”, ou mais amplamente falando, de um “texto”.

**** Claro que aqui estou reorganizando ideias em palavras escritas e já estou modificando essa experiência narrada.

***** Redução faz referência à dialética hegeliana, ou ainda, ao esclarecimento (Aufklärung) kantiniano, que quer suprimir/sanar/resolver às luzes da razão crítica o conflito gerado pelo enfrentamento da différance. Nesse processo de apreensão se exclui e gera violência ao outro (o que não se apreende). Porém, o processo de compreensão/redução é uma herança da qual não conseguimos abrir mão, sendo assim, violência deve ser entendido como parte dessa herança a qual também desdobramos e damos continuidade.

****** A noções que emprego não se referem a uma demarcação físico-geográfica, ou grafismo temporal, mas a um pathos, atitude de insistência de demarcação. Lê-se: atitude de insistência no humanista, no colonial, no ocidentalismo, etc.


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Referências:


ANDRADE, Sérgio Pereira. O Grupo CoMteMpu’s e a Dança Frouxa:(re)olhares sobre o pensar-fazer desconstrutivo em Dança. 2010. Dissertação (Mestrado)Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2010.

DERRIDA, Jacques. Enlouquecer o Subjétil. Jacques Derrida; (ilustrações Lena Bergstein), Tradução Geraldo Gerson Souza. São Paulo: Ateliê Editorial: Fundação Editora Unesp, 1998.

______. Gramatologia. São Paulo: Perspectiva: Editora da Universidade de São Paulo, 1973.

______. Posições. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva. São Paulo: Autentica, 2001.

DUQUE- ESTRADA, Paulo César (org.). Às margens: a propósito de Derrida. Rio de Janeiro: PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2002.

GAIOLA das Cabeçudas. Comédia MTV. Vídeo. Rio de Janeiro, MTV, 2010. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=NHinweAqbsA. Acesso em maio de 2011;

GREINER, Christine. O Corpo: pistas para estudos indisciplinares. 3ª edição. São Paulo, Annablume, 2008, Cap. 3 e 4, pp. 71-123.

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