terça-feira, 9 de agosto de 2011

Texto "Olhar Cego" - Lindon e Tony: 1ª parte


Lindon - Eu fiquei pensando depois do grupo de estudos a respeito sobre o olhar objetivo e o olhar subjetivo a partir do texto "Olhar cego". Relacionei esses olhares com o balé e o contact improvisation. O C.I é uma dança que puxa o olhar subjetivo. Através das sensações como o tato, dançamos com princípios como fluxo, contrapeso, ponto de contato, entre outros. Já no balé se trabalha passos com idéia de linhas que traz toda a idéia de perspectiva e de um ponto de vista, ou seja há um forte olhar objetivo. No balé há necessidade de uma análise espacial objetiva. Mas claro, sempre esses dois olhares estão dialogando o tempo inteiro. Pois com a ausência de um dos olhares, entraríamos no âmbito da patologia. Como podemos ver no documentário Brain Story: The Mind's Eye”. (vale assistir todas as partes do documentário). Então a diferença está, não no “ter, ou não ter”, mas sim, em onde colocamos nossa atenção. Pensando assim, percebo que existem pessoas que tem uma olhar mais subjetivo e outras mais objetivo. Vejo o Thiago analisando o exercício para entender e fazer, e me vejo tentando entender fazendo. Me pergunto se talvez eu procurasse trabalhar mais objetivamente o movimento, não me ajudaria a criar novas sinapses como toda a experiência?

Tony - Japinha, também estou pensando muito a respeito desse olhar sub/obj. E no meio aula da Dani, tentei pensar fazendo sobre isso. E parece que, quando eu nomeava ou previa antes de executar algo, meu corpo se manifestava em objetivação, o tônus, a postura, o peso... E, talvez, ao contrário de ti eu precise olhar menos o "alvo", aproveitar mais das surpresas do jogo que das regras... É estranho, também, tomar uma distância da carroça que te leva. Claro que se você dar ênfase em outro lugar, o novo vem. Como diz o texto: " Ir a um terreno desconhecido, onde não se sabe mais, fundir-se no coletivo". Mais acho que eu, você, temos que observar o que o corpo está dizendo em certos momentos, se sabe o que ta fazendo ou se está em terreno desconhecido. E ainda, que desconhecido é esse? Como é estar nele sem chamá-lo pelo nome? "Nunca converse com estranhos e nem receba doce das mãos deles " já dizia mamãe, rsrsr. E agora? E agora José? E agora lindjon djon?

Lindon - A partir do momento que tu pensa se "está ou não está", você está fechando algum conceito, ou seja, o olhar objetivo está em ativa. A partir do momento que tu deixa de pensar, e passa a sentir, acredito que o olhar subjetivo fica mais evidente. "Não é pra pensar, é pra sentir" vem muito desse pensamento subjetivo. Só que ainda é um pensamento hierárquico...Pensar na predominância de um, seria uma regressão. O bacana, acredito eu, é estar ciente dessas duas possibilidades...Como Hubert Godard diz no texto:

"Para dar uma imagem, se tomarmos um prisma e enviarmos um raio luminoso sobre esse prisma, há dois raios: um que vai passar diretamente e outro que vai repartir-se pelo interior do prisma e que vai abrir um conjunto de cores. Os dois estão presentes ao mesmo tempo. É a mesma coisa para o olhar".

Sempre há a existência dos dois. Não é uma regressão exatamente porque temos consciência do trabalho dos dois olhares.

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